Publicado em 17/11/2014.
“Vida de repórter consiste em ouvir o que o outro tem a dizer e traduzir este sentimento. Ter paixão pelas pessoas é essencial para um jornalista”, disse o repórter da Rede Globo Pedro Bassan, convidado do Curso de Residência de Jornalismo da Rede Gazeta. A trajetória de Bassan foi tema de um bate-papo com os jornalistas da TV Gazeta, Mário Bonella e Jorge Félix, que reuniu estudantes de jornalismo e profissionais da comunicação e outras áreas no auditório da empresa nesta segunda-feira (17).
A experiência em grandes coberturas jornalísticas deu rumo ao encontro e a Copa do Mundo abriu a conversa. O período que marcou a vida dos brasileiros e dos estrangeiros apaixonados por futebol também ficou na lembrança de Bassan, que acompanhou de perto momentos históricos do campeonato, como a derrota do Brasil para Alemanha. Mas não só de jogos fez-se o mundial. “O país do futebol parou para protestar e questionar uma série de fatores econômicos e sociais. Foi o maior legado da Copa”, pontuou Bassan fazendo referência às mudanças que o maior evento futebolístico do mundo vem passando. Para ele, o Brasil abriu mais uma delas: a negociação do Comitê Organizador direto com a cidade-sede, acabando assim com os sorteios.
Comemorações, choro, risadas, gritos, denúncias e sentimentos deram forma às reportagens produzidas para a Copa. Segundo ele, o mesmo conjunto se aplica à produção de uma boa matéria diária, independente do assunto. Seja polícia, esporte, política ou outra editoria, é necessário que o repórter esteja atento aos detalhes, responsáveis muitas vezes por transformar uma pequena informação em uma grande reportagem.
O conselho também foi compartilhado pelos jornalistas da TV Gazeta, Mario Bonella e Jorge Félix. Os dois falaram da importância da análise do material gravado e do trabalho em equipe. “Analisar imagens é essencial para a construção do texto final. Às vezes um cinegrafista vê um detalhe que passa despercebido por nós, repórteres. Isso faz toda a diferença”, explica Félix.
Coberturas nacionais e internacionais
A experiência como correspondente internacional possibilitou a atuação em países da Europa e Ásia. Em Pequim, na China, Bassan passou por uma prova “prova de fogo”, a cobertura de um terremoto que matou 90 mil pessoas. “Foi um trabalho muito grande, eu passei uma semana dormindo duas horas por noite. Sem demagogias, em uma tarefa dessa, não tem como não sentir que está cumprindo uma missão. Jornalista tem que estar preparado para tudo, essa é uma característica da nossa profissão”, ressaltou. Portugal também foi o lar do jornalista, onde atuou como correspondente da Globo.
Já no Brasil, o jornalista compartilhou a experiência de viver a realidade de moradores de rua no Rio de Janeiro. A matéria produzida para o Globo Repórter e sua missão foi passar uma noite sob marquises e sentir na pele as dificuldades de quem vive nas vias públicas. O resultado foram muitas histórias tocantes.
A dinâmica de trabalho, o texto envolvente e a experiência do repórter da Globo, levou o estudante de jornalismo Renato Manga à palestra. “A forma dinâmica dada por Bassan às reportagens me incentiva ainda mais a seguir com meu sonho que é ser um bom profissional”, destacou. A universitária Mayara Salles admira a forma como Pedro produz boas reportagens independente da pauta. “Ele sugeriu que é importante ter um olhar diferente sobre tudo, inclusive, ao que estamos acostumados a ver. Gostei quando ele contou da experiência que teve ao fazer uma matéria com moradores de rua, e ainda destacou a função do repórter na sociedade no que diz respeito a ouvir aqueles que não têm voz”, resumiu.
Da teoria à prática. Depois do bate-papo no auditório, Pedro Bassan avaliou um material produzido pelos alunos do Curso de Residência para o programa Em Movimento. O convidado passou a tarde com os residentes dando dicas de edição para telejornalismo. O Curso de Residência é uma realização da Rede Gazeta com patrocínio da Odebrecht e da concessionária ECO 101, com apoio da Viação Águia Branca.
Trajetória
Pedro Bassan formou-se em Direito na Universidade de São Paulo (USP), em 1994. Três anos depois, graduou-se pela Cásper Líbero em Comunicação Social, no mesmo Estado. Começou a trabalhar na Rádio Tupã, interior de São Paulo, ainda na infância em uma gravação de comercial infantil. Foi locutor de FM, DJ, repórter esportivo e repórter policial. Já foi correspondente da Globo em Pequim, acompanhou cinco Olimpíadas e fez reportagens para seis Copas do Mundo de futebol.
