Rede Gazeta mobiliza homens na campanha Laço Branco pelo fim da violência contra a mulher

Foto: Caroline Mauri
Mobilização pelo fim da violência contra a mulher

Nessa quarta-feira (06), Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, a Rede Gazeta realizou a campanha do Laço Branco a fim de conscientizar seus funcionários pela causa. A ação contou com o apoio de uma equipe do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (Nevid), do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES).

Durante o momento, foram trazidos dados sobre o assunto no Espírito Santo como, por exemplo, o fato de que o Estado ocupa a 5ª colocação no ranking nacional de homicídios de mulheres, segundo o Atlas da Violência 2017. Já um levantamento do Tribunal de Justiça do Estado (TJES) informou que, até agosto, cerca de 52 processos de violência doméstica foram abertos por dia, uma média de um a cada meia hora.

Campanha internacional 

A data escolhida remete a um evento ocorrido em 1989 em Montreal, no Canadá, quando o jovem estudante de Engenharia Marc Lepine, de 25 anos, retirou de uma sala de aula os 48 rapazes e assassinou as 14 colegas mulheres, suicidando-se em seguida. Ele entendia que, por ser Engenharia uma profissão masculina, as mulheres estariam invadindo espaços que não lhes pertenciam. O crime promoveu debates sobre desigualdade e motivou um grupo de homens a criar a campanha do Laço Branco.

O movimento cresceu e hoje tem a missão de promover a igualdade de gênero, relacionamentos saudáveis e uma nova visão da masculinidade. No Brasil, passou a ser comemorada a partir de 2007, por força de Lei Federal. O laço branco foi adotado como símbolo e lema de jamais cometer um ato violento contra as mulheres e de não fechar os olhos para a violência.

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Jornalistas da Rede Gazeta participam de oficina contra violência doméstica

Foto: Letícia Siller
A promotora de Justiça Claudia dos Santos Garcia, e a psicóloga Jocilene Mongin estiveram durante a tarde com os profissionais

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e o Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (Nevid) realizaram um treinamento com os jornalistas da Rede Gazeta, em Vitória, nesta segunda-feira (13). A promotora de Justiça e coordenadora do Nevid, Claudia dos Santos Garcia, e a psicóloga Jocilene Mongin estiveram durante a tarde com os profissionais dos veículos do grupo de comunicação explicando a importância da postura da imprensa ao publicar notícias sobre violência doméstica.

“A Rede Gazeta está sendo pioneira no Brasil ao oferecer esse treinamento especializado, é muito importante conversarmos com os jornalistas, tirar duvidas e instruí-los sobre como a violência contra a mulher deve ser noticiada para causar um impacto positivo de transformação na sociedade. É importante descontruirmos alguns costumes que estão enraizados em nós”, explicou Claudia ao abrir a oficina.

Foto: Letícia Siller
A promotora de Justiça e coordenadora do Nevid, Claudia dos Santos Garcia

Mais de 500 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora no Brasil, segundo a pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O mesmo estudo informa que 52% das mulheres que sofrem algum tipo de agressão, não fazem nada a respeito. Devido a isso, é importante que matérias jornalísticas sobre violência de gênero mostrem onde as mulheres podem conseguir apoio e como podem realizar uma denúncia.

“A imprensa possui um papel estratégico na formação da opinião da sociedade. Em briga de marido e mulher, é nosso dever social meter a colher. Comunicadores trabalham com discursos que causam efeito, sempre há um para todo tipo de discurso, às vezes, a forma que é escrita uma matéria jornalística pode afetar negativamente na luta contra a violência”, destacou a psicóloga.

Foto: Letícia Siller
Psicóloga Jocilene Mongin

“É muito comum observarmos o uso de expressão como “crime passional” em reportagens de feminicídio, e isso é errado, pois implica que o agressor perdeu a cabeça, agiu sem pensar, de forma louca ao cometer o ato. Isso automaticamente esconde o histórico de violência que já estava acontecendo coma a vítima. O feminicídio é o ápice desse comportamento agressivo, é por isso que precisamos chamar esse crime pelo nome certo”, enfatizou a promotora.

Tipificar o feminicídio é essencial, pois assim se dá nome ao problema, para que a sociedade tenha noção real de sua dimensão e também faz com que o crime não entre para as estatísticas de violência urbana. Dessa forma, também é possível evitar a banalização do fato, pois a vítima, ao ter sua morte banalizada, todo seu sofrimento ao longo da escalada da violência pode ser diminuído.

Também foi aconselhado aos jornalistas não “justificar” o crime por conta do consumo de álcool e drogas, por parte do agressor. As substâncias potencializam o ato da violência, mas ele só é cometido após uma série de outros abusos físicos ou psicológicos feitos anteriormente.

Segundo a promotora, papel da imprensa é mostrar ao público que a agressão nunca é culpa da vítima, sendo fundamental desconstruir estereótipos e discriminações contra as mulheres. De acordo com a Pesquisa da Avon, chamada “O papel do homem na desconstrução do machismo”, 27% dos entrevistados acreditam que, em alguns casos, a mulher também pode ter culpa por ter sido estuprada. “É inegável o poder que o jornalista tem e que a imprensa possui, a sociedade confia na mídia, temos que usar este espaço para mostrar que a vítima não é culpada e que não busca pela violência”, afirmou Claudia.

Participaram da oficina repórteres e editores dos jornais, rádios e televisão, e também alunos do 20º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta.

O que é o Nevid?

O Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Nevid) foi instituído em 2009, tendo como finalidade atuar na prevenção e repressão à violência domestica e familiar contra mulheres – Lei 11.340/2006 Lei Maria da Penha. Dentre as principais atividades desenvolvidas pelo Nevid, estão projetos educativos contra violência; assessoria aos promotores de Justiça; participação em espaços institucionalizados de discussão sobre Políticas Públicas para mulheres, realização de campanhas educativas junto à sociedade, dentre outras.