Diálogos Rede Gazeta revela números alarmantes dos casos de violência e assassinatos de mulheres no ES

DSC_0839A cada dois minutos, cinco mulheres são vítimas de algum tipo de violência no Brasil. O dado foi apresentado no seminário “Diálogos pela paz em casa: contra a violência doméstica”, realizado nesta sexta-feira (25), no auditório da Rede Gazeta, em Vitória. O evento teve apoio do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) e encerrou a programação da 8ª Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa que aconteceu em todo o país.

A cidade de Vitória é a capital onde mais se mata mulheres no Brasil e o objetivo do encontro foi debater formas para reduzir a violência contra a mulher, crianças e adolescentes.

“É um tema que lamentamos muito em divulgar, mas não podemos nos calar diante de tanta violência. Nosso papel enquanto mídia é ampliar este debate e por meio do jornalismo, publicidade e campanhas. Desta forma, ajudamos vítimas reféns desta violência na busca de transformar esta triste realidade”, reforça a diretora de Transformação da Rede Gazeta, Leticia Lindenberg.

O Estado registra números alarmantes: são 71 assassinatos de mulheres nos sete primeiros meses de 2017. Para debater medidas e coibir a situação, dois painéis apresentaram iniciativas para recuperação de vítimas e agressores. O presidente do TJES, o desembargador Annibal Rezende apresentou uma pesquisa que registra que 522 mulheres foram violentadas a cada hora no país. “Mais da metade das mulheres agredidas sofreram caladas e não denunciaram. Temos que mudar esta realidade que tanto nos entristece e nos envergonha frente à sociedade mundial”, destacou Annibal. O supervisor das Varas de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, o desembargador Fernando Zardini ressaltou a importância da realização do evento que ajuda a traçar estratégias, desenvolver ações educativas e preventivas para a mudar a realidade de tantas vítimas.

DSC_0897A coordenadora estadual de enfrentamento à violência doméstica, juíza Herminia Azoury, destacou que o tema representa um impacto de 10% no PIB nacional. Ela enxerga nas políticas públicas de prevenção uma forma de humanizar a lei e o atendimento às vítimas de violência. “A violência não escolhe classe social e nem idade. A cada dois minutos, cinco mulheres sofrem com abusos. Só nesta semana, tivemos três prisões decretadas. É preciso fazer a lei e construir uma sociedade em que não haja reprodução de tanta violência”, destacou.

Entre os desafios está para validação de medidas está a fiscalização de medidas protetivas e o desenvolvimento de projetos educativos. A promotora de Justiça Claudia Santos Garcia e a delegada Arminda Rodrigues também falaram sobre a importância do suporte às vítimas e o papel das autoridades no encorajamento às mulheres.

No Brasil existem poucos serviços disponíveis voltados para homens autores de agressão. Para ajudar na reflexão e responsabilização destes atos, a psicóloga da Polícia Civil, Marcella Demoner, falou da importância do projeto “Homem que é homem”, que ajuda na reflexão e responsabilização dos crimes cometidos. O objetivo do projeto é prevenir e reduzir a violência intrafamiliar.

O evento também contou com depoimentos de vítimas e a participação de autoridades, grupos de ajuda, estudantes e organizações de prevenção e combate à violência contra a mulher, além de outros convidados.

DSC_0960 “As mulheres nos dias de hoje representam o período da escravidão: muitos acham que elas existem para servir ao homem. 92% dos empregados domésticos são do sexo feminino e é necessário trabalhar a potencialização dessas mulheres. É preciso colocar em júri o machismo e o patriarcalismo e mudar esta realidade” Rosely Pires, fundadora do projeto Fordan – enfrentamento e problematização das violências.

DSC_0965“Estava invisível, desaparecida, não tinha reação para nada. Eu não me enxergava como vítima e achava que era natural. Mas fiz valer a lei: exigi o divórcio e denunciei. Por meio do meu trabalho e da minha arte eu me dei voz. Fiz do meu sofrimento um trabalho social: expressei tudo o que vivi em arte. Já não tenho mais medo e ajudo outras mulheres a enxergar este problema”, Rosemary Casoli, Artista plástica e vítima de violência doméstica por 21 anos.

DSC_0953“Mulheres demoram muito para tomar coragem e denunciar, as vezes demoram muitos anos. Nosso objetivo é trabalhar a inserção e ver a vida de muitas mulheres transformada. A violência doméstica afeta diretamente o relacionamento familiar e principalmente o desenvolvimento de crianças. É preciso agir. A mudança demora, mas chega”, Neucilene Ferreira, voluntária no projeto RAABE.

Educação é ponto crucial para o combate à violência contra a mulher

Guilherme Marchetti
Especialistas debatem medidas para a diminuição de casos de violência contra a mulher

A cada um dia de uma jornada semanal, uma mulher perde o trabalho por ter sido vítima de violência doméstica ou sexual. A consequência, além de física e emocional para a vítima, é um prejuízo de 11,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. A informação foi apresentada nesta quarta-feira (15) na segunda edição do Diálogos “A Culpa não é delas”, que debateu medidas para combater à violência contra a mulher.

Mais de 100 pessoas, entre autoridades, representantes de movimentos femininos e estudantes, estiveram no auditório Rede Gazeta para se informar sobre o que está sendo discutido para a diminuição dos casos de abusos e qual o papel da sociedade para ajudar no combate a crimes contra a mulher. O encontro foi mediado pelo macroeditor de Cidades da Redação Multimídia, Geraldo Nascimento, e transmitido ao vivo pelo portal Gazeta Online.

Entre os debatedores, participaram o secretário de Segurança Pública do Governo do Estado, André Garcia, a juíza Hermínia Azoury, a delegada da Delegacia Especializada da Mulher de Vitória, Arminda Rodrigues, a especialista em Ciências Criminais, Carmen Hein e a psicóloga e terapeuta de família Adriana Müller.

Em unanimidade, todos pontuaram a educação e a revisão das políticas públicas de segurança e saúde como pontos cruciais para a mudança de comportamento e adoção de medidas para a redução de casos de violência. Para eles, uma cultura machista e uma sociedade intolerante contribuem para os altos índices de casos e vítimas.

“É um crime invisível. É necessário que o tema seja trabalhado dentro de casa, em escolas, em igrejas, empresas e universidades. Matérias e campanhas em veículos de comunicação contribuem muito para o encorajamento da vítima em denunciar agressões. É importante que o assunto seja trabalhado sempre para que as denúncias ocorram”, reforça a juíza Hermínia Azoury.

O debate também trouxe à tona a questão a uniformização do atendimento da mulher agredida e a importância da denúncia imediata. De acordo com a delegada Arminda Rodrigues, os detalhes do relato feito pelas vítimas podem ser cruciais para a condenação. “Muitas vezes, por medo ou vergonha, a vítima procura a delegacia muito depois da agressão ou abuso sofrido. Isso dificulta o detalhamento do relato. Os detalhes apresentados nas denúncias são importantes para a materialidade do crime”, orienta a delegada.

Os participantes interagiram com perguntas aos debatedores. Aquelas que não foram respondidas no evento por falta de tempo, serão respondidas pelos especialistas posteriormente no portal Gazeta Online.

Jornalistas comentaram bastidores da reportagem especial

Guilherme Marchetti
As jornalistas Mayra Bandeira e Katilaine chagas falaram dos bastidores da reportagem especial “Violência Sexual: Crime Invisível”

Autoras da reportagem especial “Violência Sexual: Crime Invisível”, publicada em A Gazeta e no portal Gazeta Online, as jornalistas Katilaine Chagas e Mayra Bandeira, compartilharam a experiência na apuração do especial. De acordo com as repórteres, o que mais as impactou foi ouvir os relatos das vítimas que foram fontes da matéria. “Pensávamos que a principal dificuldade era conseguir mulheres para falar dos abusos sofridos. Quando vimos, eram pessoas que tinham uma ligação próxima, como amigas ou primas de amigas. Doía em nós ouvir o que aquelas mulheres contavam. É um tema que devemos debater sempre para diminuir casos e combater tamanha violência”, disse a repórter Katilaine Chagas.

Já Maíra reforçou a importância da vítima procurar os serviços de saúde no período de até 72h após o abuso para evitar a contração de doenças ou gravidez indesejável, em casos de crimes sexuais. “É importante lembrar que este tema é também um caso de saúde pública”, reforçou. O macroeditor de cidades, Geraldo Nascimento ressaltou que o papel da Rede Gazeta, por meio do jornalismo é colocar o assunto em debate, divulgar dados e cobrar medidas para o combate a violência que faz várias vítimas. A reportagem especial “Violência Sexual: Crime Invisível” está disponível no endereço http://especiais.gazetaonline.com.br/violenciasexual/. A transmissão também está no portal livre para acesso.

DSCN8708“A violência acontece todos os dias. Precisamos discutir sobre respeito, direitos e igualdade de gêneros dentro de casa e nas escolas. Devemos cobrar dos Estados o plano de educação que discute a diferença entre gêneros. Devemos garantir o direito de acesso à informação, cobrar o controle de campanhas sexistas, e a longo prazo discutir políticas públicas. Eu acredito na juventude para mudar a realidade de um país machista, homofóbico e racista” – Carmen Hein Doutora em Ciências Criminais

DSCN8674“A voz do machismo deve ser calada. O agressor está empoderado, falta autocontrole. A vítima tem medo, se sente culpada e a sociedade reforça este sentimento de culpa condenando o comportamento da mulher. Muitas vezes, vítimas não sabem quem as vai ouvir e se silenciam. A sociedade precisa se mostrar contra quem reprime e cala mulheres e trabalhar a convivência harmônica de respeito a todos por meio de programa, projetos e campanhas educativas. A sociedade precisa ter vergonha do machismo e torna-lo obsoleto” – Psicóloga e terapeuta familiar Adriana Müller

DSCN8743“Violência doméstica ou sexual não escolhe classe social. É necessário humanizar as delegacias da mulher para atender melhor às vítimas e ampliar parcerias para a criação de políticas públicas e criação de medidas preventivas. É imprescindível o trabalho de consciência nas escolas para mostrar às crianças o papel da mulher e o respeito que elas devem ter. Capacitação profissional para preparar mulheres para o mercado de trabalho é importante para o empoderamento feminino” –  Juíza Hermínia Azoury

DSCN8666“É necessário ampliar o amparo às vítimas e melhor equipar as delegacias com espaços adequados para atender os casos. Muitas vezes, vítima e agressor chegam juntos e dividem o com troca de ameaças e precisamos intervir para que não aconteça algo mais grave. A Lei Maria da Penha e as formas de punição ao criminoso precisam ser amplamente divulgadas. Não podemos deixar esses crimes impunes” – Delegada Arminda Rodrigues

DSCN8796“É preciso refletir o que está acontecendo. A sociedade é muito intolerante e nossa cultura ainda é muito influenciada por valores religiosos. Por essa razão algumas pautas não são discutidas. A educação começa dentro de casa e não pode ser terceirizada. Não basta apenas tratar uma mulher vítima de violência. Deve-se tratar o homem também, porque senão o ciclo de violência não cessa. O sistema deve reconhecer e punir quem agride” – Secretário de Segurança Pública  André Garcia

Denuncie os casos de trabalho infantil na venda de jornais

Divulgação
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Processo de impressão dos jornais em Vitória

Ajude a coibir o trabalho infantil. Caso saiba ou presencie menores de 18 anos praticando a venda de exemplares dos jornais A Gazeta e NA!, denuncie. O fato deve ser avisado à Diretoria de Mercado Leitor. O responsável pelo recebimento das denúncias é o gerente de Venda Avulsa e Distribuição, Sérgio Lugon, no ramal 8574 e pelo e-mail [email protected]. A equipe tomará as providências cabíveis, inclusive junto ao Conselho Tutelar.

Ao relatar a denúncia, o setor solicita que sejam comunicados informações sobre a participação do menor na venda, além de outras que facilitem a apuração da ocorrência. Contamos com você na construção de uma sociedade mais justa.