Extremismos no século XXI é tema do próximo Encontros do Saber

A última década foi marcada por uma explosão de novos meios de comunicação e de informação, que aumentaram de forma expressiva a capacidade de conexão entre pessoas e grupos. Porém, também abriram espaço para intolerâncias e fanatismos. Por isso, o próximo Encontros do Saber vai discutir os extremismos no século XXI.

Na próxima semana, quarta-feira (7), o professor doutor em História Social Michel Gherman e o professor doutor em Comunicação José Antônio Martinuzzo vão discutir sobre a temática no Auditório da Rede Gazeta. Gherman é autor de livros como “Uma História Luminosa: Froein Farain – A Sociedade das Damas Israelitas”. Já Martinuzzo coleciona mais de 50 livros de sua autoria, entre eles “Os Públicos Justificam os Meios”.

Assim como os outros Encontros do Saber que foram promovidos pela Revista.ag, o próximo também vai arrecadar doações. Dessa vez, a instituição beneficiada vai ser o Asilo de Vitória. Pomada cicatrizante, pasta d’água e avental descartável serão os produtos que a instituição está precisando para ajudar no atendimento aos idosos. Esses materiais podem ser encontrados em farmácias ou lojas de produtos hospitalares.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas gratuitamente pelo link gazetaonline.com.br/encontrosdosaber. O debate tem curadoria da Casa do Saber Rio. Participe!

“Encontros do Saber”: confira os temas das palestras deste ano

Depois do sucesso da temporada 2018, a Rede Gazeta, em parceria com a Casa do Saber Rio, abre o ciclo de palestras Encontros do Saber 2019, no dia 10 de abril, com a palestra “O fim do relacionamento – o Término dos Relacionamentos sob a ótica da Psicanálise e do Direito”, com a juíza e ouvidora de Poder Judiciário do Rio de Janeiro, Andréa Pachá (foto) e a psicanalista Sandra Flanzer.

Já no dia 5 de junho, a nutricionista Gabriela Kapim vai falar sobre um tema que muitas mães devem se identificar: “Dicas e truques para driblar a resistência dos Pequenos à Mesa”.

No dia 7 de agosto, o historiador Michel Gherman apresentará a palestra “Extremismos no Século XXI”. Encerrando a série de 2019, o psiquiatra Ricardo Krause falará sobre o suicídio no encontro “A Precoce Dor de Existir”, no dia 9 de outubro.

As palestras são gratuitas e realizadas no auditório da Rede Gazeta.

(Com informações de Renata Rasselli, colunista do jornal A GAZETA)

Sociedade dos excessos: como lidar melhor com comida, tecnologia e relacionamentos?

Foto: Carolina Wassoller

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Texto de Carolina Wassoller
(Curso de Residência em Jornalismo)

Na manhã deste sábado (24), duas palestras fecharam com chave de ouro a programação paralela do 13º Encontro de Liderança, oferecida pela Casa do Saber Rio. As convidadas da vez foram a nutricionista Bia Rique e a psicanalista Sandra Flanzer. Elas palestraram sobre o cardápio do futuro e sobre como as tecnologias vem propiciando outras subjetividades, respectivamente.

“O CARDÁPIO DO FUTURO”

Do latim, significando carta de iguarias, cardápio foi o tema central da fala da nutricionista. Inicialmente ela propôs a seguinte reflexão: “Queria que vocês se imaginassem daqui a 60 anos. Que tipo de vida e planeta vocês querem?”.

Foto: Carolina WassollerEssa indagação é importante porque põe na roda as escolhas alimentares feitas e a própria relação dos seres humanos com a comida. “A comida tem um papel polivalente e ambíguo. É cura e melhora a qualidade de vida, mas, ao mesmo tempo, pode ser um vício ou uma obsessão. Por esse motivo, tudo passa por como olhamos a comida e nos relacionamos com ela”, ressaltou.

Segundo a especialista, de fato estamos na era da abundância, mas isso não faz as pessoas comerem bem e fazerem boas escolhas. “Vivemos um paradoxo hoje em dia: a obesidade cresce mais a cada dia ao passo que são vistos corpos magros que não são saudáveis. Antigamente se falava sobre transtornos alimentares. Hoje em dia temos uma sociedade adoecida”, afirmou.

Nessa perspectiva, se percebe a necessidade de pensar em cardápio. “O cardápio é parte importante de uma filosofia alimentar. São nossas escolhas diárias. E quando escolhemos, temos de negociar prazer e privação e encontrar o equilíbrio para uma boa alimentação”, explicou.

É importante salientar que dieta significa filosofia alimentar, e não uma lista de restrições. Sobre isso, a nutricionista foi enfática:

MEIO AMBIENTE

Bia destacou a importância da redução da proteína animal para um futuro mais equilibrado. “Devemos sempre manter o meio ambiente em vista ao fazermos nossas escolhas. Em 2050, seremos 9 bilhões de pessoas, a terra não tem a menor condição de manter essa alimentação. A primeira coisa que irá acabar é a proteína animal, devido ao alto custo ambiental que ela tem, e devemos reeducar nossa alimentação para essa realidade”, orientou.

O caminho para uma melhor relação entre sujeito e ambiente, segundo ela, está na conscientização árdua, redução da proteína animal, comer mais comidas locais, reduzir lixo e fazer hortas urbanas.

“TECNOLOGIAS E NOVAS SUBJETIVIDADES”

A sociedade da abundância (ou do excesso) também foi retratada na palestra com a psicanalista Sandra Flanzer, mas, nesse caso, sob uma nova ótica: a da tecnologia. “A tecnologia nos interpela logo pela manhã, quando nos vemos obrigados a responder as 300 mensagens que nos aguardam no aplicativo de conversas antes mesmo do café da manhã”, afirmou.

Essa rotina vertigiosa, segundo a psicanalista, deságua na ausência da falta, fato que torna as relações mais numerosas na mesma velocidade que as torna mais rasas. Porque é na falta que o outro se torna objeto de desejo. “Há uma pasteurização, uma banalização dos relacionamentos humanos. Era assim que a gente se constituía – na relação com o outro – e isso vem sendo perdido aos poucos”, refletiu.

Foto: Carolina WassollerA internet instaura um paradoxo: ao mesmo tempo que inclui pessoas, exclui a possibilidade de aprofundar relações. Esse ritmo frenético causa inclusive problemas de saúde: oculares e psicológicos (ansiedade, depressão, síndrome do pânico e transtornos de angústia) por causa da aflição de ter de estar em dia no mundo virtual.

Até porque, hoje em dia, é passível de confusão onde começa e se encerra o mundo real e o virtual, e isso acaba afetando até na criação das crianças. “A mãe filma o filho ao invés de olhá-lo. O primeiro olhar é sempre pra tela, o real vem depois. Isso acaba fazendo com que a criança queira olhar para a tela também”, refletiu.

Segundo a palestrante, os problemas não se encerram aí. “Os sujeitos são constituídos pelo olhar do outro, conforme Lacan defende. Uma criança que não é olhada e, sim, filmada, não é mais constituída pelo olhar dos pais e acaba buscando estar no digital para ser visto pela mãe”, assegurou.

FESTA SEM FRESTRA

Para a psicanalista, essas tecnologias fizeram com que as pessoas ficassem cada vez mais intolerantes aos intervalos. Antigamente, mandávamos correspondências e aguardávamos o retorno. Hoje em dia, o tempo de espera é quase insignificante. “A gente é cada vez mais intolerante aos intervalos e à falta que pode haver entre uma coisa e outra. As pessoas querem o gozo contínuo, uma festa sem frestra”, ressaltou.