Não é só um clique: Fotojornalistas da Rede falam sobre fotos marcantes

Neste domingo (08), comemoramos o Dia do Fotógrafo, profissional capaz de eternizar momentos e transmitir muitas informações e sentimentos através de uma imagem, sendo fundamentais para o Jornalismo. Pensando nisso, convidamos os nossos queridos repórteres fotográficos da Rede para compartilharem as histórias por trás de fotos marcantes tirada por eles. Os relatos foram gravados e viraram uma postagem beeem legal lá no perfil do Instagram da Rede, o @redegazetaes, em parceria com o Núcleo Visual da Redação. Tem história de crime, guerra do tráfico, questão social e até foto lá no Catar (de quem será essa, hein?). Ao final da matéria, você lê, na íntegra, a história de cada colega.

Começando pelo nosso querido CA. A cena escolhida por Carlos Alberto Silva é de um assalto ocorrido em Itacibá, Cariacica, em janeiro de 2007, quando viveu um momento de tensão. “Foi uma situação inesperada, eu nunca tinha passado por isso, de ter que participar dessa situação, não como jornalista, mas como uma pessoa que poderia ajudar a acabar com aquilo”, relembra.  A aflição também faz parte do momento retratado por Fernando Madeira, quando a Grande Vitória estava em meio ao fogo cruzado da guerra do tráfico. Durante a cobertura, no bairro Consolação, o repórter conseguiu registrar o momento que teve grande repercussão no Estado, principalmente, nas redes sociais. “Observei uma mãe desesperada porque seus filhos estavam em casa. Como um dos ônibus, que foram incendiados, estava muito próximo à sua casa, ela estava com medo dos filhos morrerem queimados. Foi quando eu fiquei aguardando o momento em que o policial militar foi buscar as crianças”, conta Madeira.

Já Ricardo Medeiros registrou uma circunstância marcante no instante em que uma senhora chegou na Ocupação Chico Prego, que esteve em frente à Prefeitura de Vitória por, aproximadamente, quatro meses, para doar roupas. “Dentro da doação tinha uma roupa da Branca de Neve, que chamou atenção de uma menina. Ela vestiu o vestido e se sentou em frente à barraca onde estava dormindo”. Da mesma forma como o repórter fotográfico Vitor Jubini observou um contraste em uma situação que viveu nos últimos meses, realizando seu trabalho na Copa do Mundo do Catar. “A cena mostra um pouco da realidade diferente do que foi mostrado em Doha, uma cidade muito glamurosa, mas, por outro lado, nós temos a realidade da periferia, de trabalhadores que tentam sobreviver diante de condições um pouco precárias”, relata Jubini.

Esses relatos nos possibilitam sentir o olhar aguçado que esses profissionais possuem para realizarem a profissão no dia a dia. Eles criam memórias e são capazes de fazer com que as pessoas vejam a mesma situação de diferentes maneiras. Colegas, vocês são muito importantes para nós e para o Jornalismo. Feliz Dia do Fotógrafo!

Carlos Alberto: “Quando eu e a equipe chegamos no local, percebemos que a situação era bem tensa. Dois homens haviam invadido uma distribuidora de pneus, o assalto deu errado e eles fizeram três funcionários de refém. Uma das exigências para soltarem essas pessoas era que a imprensa estivesse no local. Como eu e uma colega estávamos próximos, fomos os primeiros a chegar na loja. Dessa forma, a polícia pegou nossos crachás e levou até os criminosos. Na foto é possível ver um dos funcionários, que está sem camisa, com os crachás no peito. As negociações estavam tensas, mesmo com a nossa presença. E, ao final, um dos assaltantes cometeu suicídio. Foi uma situação inesperada, eu nunca tinha passado por isso, não como jornalista, mas como uma pessoa que poderia ajudar a acabar com aquilo.”

Fernando Madeira: “Vou compartilhar com vocês umas das fotografias que mais marcou minha vida nos últimos anos. Foi em 2022, em outubro, onde a população de Vitória ficou no meio do fogo cruzado. Foi um total de sete ônibus incendiados e essa cobertura, especificamente, foi no bairro Consolação. Eu cheguei justamente com a polícia, naquele momento, nós ficamos escondidos atrás dos carros para não sermos alvejados com tiros, porque os criminosos atiravam contra a polícia. Foi um momento de muita tensão. Durante a cobertura, fotografando tudo aquilo, observei uma mãe desesperada porque seus filhos estavam em casa. Como um dos ônibus, que foram incendiados, estava muito próximo à sua casa, ela estava com medo dos filhos morrerem queimados. Foi quando eu fiquei aguardando o momento em que o policial militar foi buscar as crianças. E aí, de repente, ele sai com os dois garotos no colo. Essa imagem foi muito marcante para mim e para a população capixaba, de modo geral.”

Ricardo Medeiros: “A fotografia foi feita durante a Ocupação Chigo Prego, em frente à Prefeitura de Vitória. O que me chamou atenção foi que chegou uma senhora e começou a fazer doação de roupas. Dentro dessa doação tinha uma roupa da Branca de Neve, que chamou atenção de uma menina. Fiquei esperando a reação dela. Ela vestiu o vestido e se sentou em frente à barraca onde estava dormindo. Quando ela viu a roupa, ficou um pouco feliz, mas pela situação que estava ali, de dificuldade, com mais de 100 dias acampados, ela se sentiu triste também. Mas foi um contraste que eu achei, entre a fantasia e a situação que ela estava.”

Vitor Jubini: “Eu escolhi uma foto feita na Copa do Mundo do Catar, em 2022. É um retrato de um jovem sudanês que foi pro Catar em busca de melhores condições de vida, em busca de trabalho. E a cena mostra um pouco da realidade diferente do que foi mostrado em Doha, uma cidade muito glamurosa, mas, por outro lado, nós temos a realidade da periferia, de trabalhadores que tentam sobreviver diante de condições um pouco precárias.”