Jornalistas de A Gazeta são indicados a prêmio nacional

As repórteres Raquel Lopes, Vilmara Fernandes e Glacieri Carraretto, de A Gazeta, são finalistas no 3º Prêmio Policiais Federais de Jornalismo com uma reportagem especial sobre o mercado de armas no Espírito Santi. Outro concorrente do jornal, o fotógrafo Fernando Madeira foi selecionado por uma foto de operação policial na região do Bairro da Penha, em Vitória. Todos os jornalistas já foram reconhecidos em outros prêmios.

A reportagem finalista aborda o comércio ilegal de armas no Estado, o seu caminho para chegar até aqui e a fragilidade do controle. Trata ainda da dor dos familiares que perderam parentes vítimas de homicídio por arma de fogo, sendo que em 13 anos – de 2006 a 2018 – foram 16.844 crimes dessa natureza no Espírito Santo. Além disso, mostra o que está sendo feito por parte do poder público, como a criação de uma nova delegacia especializada em armas.

Raquel lembra que a matéria foi publicada em fevereiro, em meio à intensa discussão sobre a flexibilização de posse e porte de armas proposta pelo governo de Jair Bolsonaro, mas a apuração já havia começado bem antes, demonstrando que A Gazeta está atenta às demandas da sociedade e às discussões em torno de temas relevantes.

“Foram quatro meses de investigações, levantamento de dados, contatos com todo o tipo de fonte para chegar ao resultado que apresentamos. E a matéria saiu justamente durante o período em que se discutia a flexibilização, embora o governo não tivesse controle das armas que já estavam em circulação”, comentou Raquel.

Vilmara ressalta que a falta de controle ficou explícita na reportagem, que apontou a falta de conhecimento das autoridades sobre o paradeiro de 40 mil armas no Estado. “Esse é um dado que representa um risco para todos, e que coloca o Estado num cenário de três mortes por arma de fogo todos os dias”, observa.

Para Glacieri, outro aspecto contribui muito para os altos indicadores de violência no Estado: a fabricação caseira de armas.  “Essas sequer têm registro, mas têm a mesma letalidade de uma fabricada pela indústria”, argumenta a repórter, que escreveu sobre o tema na reportagem.

SENSIBILIDADE

Já na fotografia, o destaque é uma imagem captada por Fernando Madeira. A sensibilidade do profissional, no meio de uma operação policial na região de conflitos do Bairro da Penha, foi fundamental para o resultado.

“Eu tinha visto a pichação com a palavra ‘paz’ no beco, numa área de tráfico, enquanto acontecia uma operação que tinha a presença até do ex-secretário de Segurança (coronel Nylton Rodrigues). Quando ele veio em minha direção, e o policial que fazia a sua guarda apontou o fuzil, fiquei no ângulo certo para fazer a composição”, explicou Madeira.

Para Madeira,  que está sempre em busca de produzir algo diferente, o papel do fotojornalista é também o de provocar reflexões: “Será que a paz vem das armas?”, questiona.

As três repórteres de A Gazeta estão concorrendo ao prêmio na categoria impresso com jornalistas do Extra (RJ) e Diário do Nordeste (CE). Já Fernando Madeira disputa a categoria fotografia com repórter de O Globo (RJ).