Sistema político atrapalha mulheres, dizem debatedoras em evento no Palácio Anchieta

A importância da participação feminina na política e em espaços de poder foi o mote central do 3º Encontro das Mandatárias, que aconteceu nesta quarta-feira (06), no Palácio Anchieta, em Vitória. O evento, uma parceria institucional entre o governo do Espírito Santo e a Rede Gazeta, reuniu cerca de 90 mulheres para debater os obstáculos que mulheres enfrentam para ocupar mandatos políticos, por exemplo.

Encontro das Mandatárias
Anfitriã do encontro, a vice-governadora Jacqueline Moraes foi categórica: há, no Brasil, um movimento de invisibilização das mulheres em espaços públicos de poder. “As mulheres têm uma invisibilidade na política, que se reflete na vida”, frisou. Jacqueline uniu-se à deputada federal por São Paulo Tabata Amaral (PSB-SP); à procuradora-geral de Justiça do ES, Luciana Andrade; e à cientista política e fundadora da ONG #ElasNoPoder, Letícia Medeiros, na roda de conversa
Durante mais de duas horas, as participantes puderam conversar sobre a importância de aumentar a participação feminina na política. Para a pesquisadora Letícia Medeiros, “trazer diversidade para espaços de poder traz uma pluralidade de visões que melhora a qualidade da política”. No entanto, de acordo com as participantes, a sociedade e o próprio processo eleitoral guardam uma série de obstáculos para que a mulher chegue a posições de poder.
Para a chefe do Ministério Público Estadual (MPES), Luciana Andrade, se libertar do peso do machismo é o primeiro passo a ser dado. “A culpa da mulher de ter que cuidar de casa, marido, filhos, a impede de almejar cargos de poder”, avaliou. Luciana é apenas a terceira mulher a comandar a Procuradoria-Geral de Justiça no ES.
Obstáculos
Mesmo já no poder, as mulheres ainda precisam enfrentar as dificuldades do dia a dia em um ambiente ainda majoritariamente masculino. É o que sente a deputada federal Tabata Amaral, que mesmo há anos no Congresso, relata ainda ser barrada na entrada por seguranças que dizem que ela “não tem cara de deputada”. Vítima de ataques nas redes sociais pela atuação no mandato, ela acredita ser atacada, também, por ser mulher. “Não existe posicionamento político ou visão de mundo que justifique a violência política de gênero”, afirma.
Partindo de estudos feitos como cientista política, Letícia Medeiros compartilha que mandatos femininos tendem a ser mais abertos e mais participativos. Para ela, as leis que estimulam a participação da mulher no processo eleitoral não garantem que ela vá chegar ao mandato: “Precisamos começar a falar sobre reserva de cadeiras. A gente quer garantir a chegada da mulher”.

Em um clima de sororidade, o Encontro das Mandatárias terminou com agradecimentos e aplausos a todas as mulheres presentes, com destaque para representantes de vários âmbitos da política e dos diversos municípios capixabas.  O evento foi transmitido ao vivo por A Gazeta.